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Panegírico ao Professor Issa Chaiben Jabur

Da esquerda para a direita: Laercio Richter, Sergio Luiz Thomaz, Nelson Vicente Lovatto Gasparetto, Issa Chaiben Jabur.

 

No Colégio Estadual Regente Feijó, em Ponta Grossa, numa das vezes que fiz o segundo ano do curso científico, tive como colega um rapaz que se mostrou muito brincalhão, extrovertido, o qual, a partir daí teria uma grande participação em minha formação profissional. Fizemos parte do centro acadêmico e ele, com sua versatilidade e desenvoltura, convenceu o diretor do colégio a comprar um uniforme verde e vermelho para a participação do Regente nos Jogos Estudantis da Primavera, lembrando que as cores originais da escola eram o azul e o branco. Estudamos num grupinho de amigos para o vestibular e ingressamos no curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa. O gosto pelo curso era tanto que aos sábados nos reuníamos e íamos para a Vila Velha onde, andando no topo dos arenitos, fazíamos as conjecturas alusivas ao paleoambiente original ou, então, íamos de circular até o ponto final, entrávamos na ferrovia e de afloramento em afloramento fazíamos anotações e coletávamos amostras fossilíferas. A caminhada ia de um bairro para outro. Ao final da tarde retornávamos de circular ao centro da cidade, com as sacolas pesadas, cheias de amostras indo, cada um, para sua casa. Participamos juntos da administração do Diretório Acadêmico Dr. Joaquim de Paula Xavier e da organização dos JEPs. Ao final do curso esse colega foi lecionar em Umuarama, já casado, com filhos, foi convidado e passou a lecionar na Fundação Universidade Estadual de Maringá. Durante algum tempo conciliou as duas atividades optando, posteriormente, pela FUEM. Como eu trabalhava no laboratório de paleopalinologia do DESUL/PETROBRÁS, consegui um estágio para ele, já que, dedicado à Biogeografia, tinha um profundo conhecimento da fitossociologia. Dada minha situação de indisposição com a empresa, através dele, fui convidado para lecionar na FUEM, ingressando no Departamento de Geografia onde organizamos as coleções de amostras minerais, rochas e fósseis, dividimos a autoria de artigos científicos e fizemos parte da fundação do GEMA. Cursamos juntos a pós-graduação na área de Estratigrafia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele foi além. Logo após o mestrado partiu para o doutorado que concluiu na UNESP/Rio Claro. Eu, ao encerrar os créditos do doutorado abordando o estudo de pólens fósseis, nada mais providencial do que pedir a orientação desse eminente professor - que aprendi a admirar no decorrer desse tempo todo - para a execução de minha tese. Enfim, mantivemos uma amizade sincera, duradoura e despretensiosa da qual muito me orgulho. E é isso. Faço essa síntese histórica ao Prof. Dr. Issa Chaiben Jabur. Quantos estudos fizemos juntos. Quantos momentos engraçados curtimos juntos. A sua partida prematura me mostrou como a vida é ingrata porém, temos que nos resignar ante os desígnios de Deus. Ao escrever este texto eu me detive na sequência de etapas que desde o ensino médio, nos direcionaram à carreira no magistério superior no Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Realmente, gostaria de transcrever as inúmeras situações hilárias em que o Issa foi protagonista mas, isso, daria um livro. O Issa aposentou-se e logo manifestou sintomas do terrível mal de Alzheimer que o debilitou durante um certo período. Não o visitei. Queria manter sempre a visão daquele ser humano que irradiava alegria onde estivesse presente; queria ter na mente, a visão daquele ser humano que estava sempre pronto para ajudar um amigo; queria ter na mente, o exemplo de um professor cujo legado foi a admiração recebida de seus alunos. Mas, o mais importante, queria manter na mente, a presença viva de um excepcional amigo.

 

Prof. Dr. Issa Chaiben Jabur –

Licenciado em Geografia – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – Ponta Grossa - PR

Mestre em Geociências - UFRGS – Porto Alegre - RS

Doutor em Geociências e Meio Ambiente – UNESP/Rio Claro - SP

Faleceu em 30/06/2017, deixando esposa e quatro filhos.,

Texto escrito pelo Prof. Dr. Sergio Luiz Thomaz