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Paul Edwin Potter (1925-2020) e o GEMA

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Agosto de Professor Potter, sentado à frente do “Clube Baía”, ilha Mutum (Rio Paraná) em uma tarde de 1987. O GEMA estava nascendo.

Paul Edwin Potter, 94 anos, faleceu no dia 4 de julho de 2020. Ele foi o segundo filho de Edwin e Mabel Potter, nascido em 30 de agosto de 1925 em Springfield, Ohio. Dr. Potter serviu o Exército dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial nas Filipinas até 1946. Depois disso estudou Geologia na Universidade de Chicago, passando os anos seguintes no Serviço Geológico em Illinois, onde recebeu o doutorado em geologia e mestrado em estatística. O Prof. Potter trabalhou nas universidades Johns Hopkins e Cincinnati, onde se aposentou em 1992, passando os próximos 9 anos no Brasil – na UNESP, Rio Claro e na UFRGS em Porto Alegre.
A convite da área de Geologia do DGE o Prof. Potter veio, em 1987, à Maringá juntamente com os professores Kenitiro Suguio e Vicente José Fulfaro para participar daquela que seria a primeira expedição formal ao rio Paraná do, ainda embrionário, GEMA. Excursão esta que ficou certamente na memória de todos que dela participaram, não apenas pelo conhecimento adquirido, mas pelas emoções vividas. Na foto vemos o Prof. Potter durante a referida excursão, à frente da casa na ilha Mutum no dia de seu aniversário de 62 anos. Na ocasião o Dr. Potter não apenas abriu a visão do grupo para os problemas fluviais como nos orientou na elaboração de um grande projeto (o maior da UEM naquele ano) enviado e aprovado à FINEP e, que formalmente, deu origem ao GEMA.
Com uma mistura de didática, conhecimento e paciência o Prof. Potter auxiliou a formação de um sem número de geólogos brasileiros, dentro dos quais me incluo. Ele não apenas orientava nas pesquisas, mas, e principalmente, na metodologia de trabalho, na rotina das anotações, nos métodos e organização dos dados e principalmente na relação com a comunidade científica. Extremamente metódico, levava em sua mala um pequeno arsenal para apoiá-lo nas longas viagens: “Nunca viaje sem uma lanterna! ” No fanal de cada dia, sentava-se com um bloco na mão no qual escrevia o rascunho de cartas e artigos, que no dia seguinte enviava pelo Correio de onde estivesse a Cincinnati para que sua secretária datilografasse e que ele assinasse assim que regressasse.
Com sua morte encerra-se o período da “geologia romântica”, em que o geólogo era um aventureiro por lugares distantes e desconhecidos, e o mapeamento ainda era sua principal atividade. Uma vida povoada de jeeps, barcos, monomotores, cavalos e acampamentos, que certamente as novas gerações não terão a oportunidade de conhecer. Prof. Potter se vai, mas sua marca ficará ainda por muito tempo no mundo da geologia e do GEMA.


Texto escrito por: Prof. Dr. José C. Stevaux